quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

AS AVENTURAS DE PI

As Aventuras de Pi (Life of Pi) é uma adaptação do livro de Yann Martel, lançado em 2001. Lançado em dezembro de 2012, a direção ficou por conta de Ang Lee (O Tigre e O Dragão, O Segredo de Brokeback Mountain). O filme conta a história de Piscine Molitor Patel, conhecido como "Pi", um indiano que na sua juventude sobreviveu a um naufrágio em que perdeu toda sua família. No barco salva-vidas, tem que conviver com um tigre de bengala, principal atração do zoológico do pai.

Ang Lee sempre foi um diretor sensível e extremamente versátil. Ficou conhecido após ter dirigido "Razão e Sensibilidade" (1995), adaptação do livro de Jane Austen, mas adquiriu prestígio internacional com "O Tigre e o Dragão", um filme de aventura, mas com a poesia típica dos orientais. Não foi a toa que em 2001 este ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro, melhor fotografia, melhor direção de arte e melhor trilha sonora. Concorreu ao oscar de melhor filme, mas perdeu para o épico "Gladiador". Para comprovar sua heterogeneidade cinematográfica, em sua filmografia incluem "Hulk" (2003) - que foi até criticado pelo excesso de abstração em um filme de super-herói - e uma comédia dramática "Aconteceu em Woodstock" (2009).

Nesse mesmo ano (2001) era lançado o livro "A Vida de Pi". Rejeitado por várias editoras a princípio, foi posteriormente aceito e publicado pela Knopf Canada, ganhando o prêmio Man Booker Prize for Ficction no ano seguinte. Foi acusado de plágio nessa época, já que o livro do brasileiro gaúcho Moacyr Scliar, Max e os Felinos, publicado em 1981, tinha uma premissa idêntica. Posteriormente Yann Martel admitiu que tirou da obra de Moacyr Scliar inspiração.


Com uma sensibilidade sem igual, Ang Lee nos deixa ilhados ao lado de Pi, numa aventura angustiante de sobrevivência. Estar sozinho num bote, à deriva, já é uma situação extrema, contudo conviver com o perigo imediato de ser devorado por um tigre torna tudo bem mais complicado. Não li o livro mas a experiencia visual de "As Aventuras de Pi" é indescritível. O 3D complementa uma direção de arte impecável, além da fotografia de tirar o fôlego. O jogo de câmeras nos mostra o quanto pequenos somos diante da natureza. Várias vezes as tomadas são vistas de cima, deixando Pi e o tigre tão pequeninos, mostrando como somos frágeis e ao mesmo tempo nos leva a crer que lá de cima - talvez - exista mesmo alguém superior sempre de olho, observando todas as provações de nosso protagonista.

A obra transcende uma história de um naufrago: discute sobre religião, a relação familiar e até mesmo sobre o bullying. O nome Piscine Molitor Patel vem de "piscina" em francês, porém a pronúncia em inglês fica "pissing", o que significa urina. Seu nome vira então chacota entre os colegas de colégio. Contudo, o protagonista consegue dar a volta por cima, tornando o tão pequeno apelido Pi algo tão grandioso quanto o valor matemático que a letra grega representa. Uma dizima periódica, infinita. A representação do círculo, a forma mais perfeita do universo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário